domingo, 25 de outubro de 2009

O JOGO

A Importância do jogo O significado e a importância do jogo na vida humana têm sido objecto de estudos de diferentes áreas de conhecimento. Sabemos que desde os tempos mais remotos o jogo é uma actividade associada ao homem e ao seu processo de socialização.

O jogo fez, desde sempre, parte da vida em sociedade; nas festividades, na transmissão cultural, nas formas de culto e adoração, ou simplesmente no dia-a-dia, com características mais ou menos lúdicas ou educativas.

O Jogo representa uma actividade que todos sentem prazer em praticar. Simboliza as mais diversas vivências do nosso quotidiano, como uma actividade livre através da qual demonstramos nossa forma de lidar com o mundo, com o outro e com nós mesmos.

É fácil observar que o jogo se manifesta de maneira espontânea e descontraída. Alivia a tensão interior, e demonstra frequentemente expressões de contentamento a quem joga. Os jogadores agem sem medo, com educação e um comportamento adequado a cada circunstância.
Neste contexto, o jogo favorece também o desenvolvimento físico, mental, emocional e social.
O jogo constitui um veículo educacional muito importante. É um fenómeno cultural e biológico; constitui actividade livre, alegre que encerra um sentido, uma significação; favorece o desenvolvimento corporal; estimula a vida psíquica e a inteligência; contribui para a adaptação ao grupo, preparando a criança para viver em sociedade. Rodrigues (1993) .
O jogo também assegura o espaço de prazer e aprendizagem, pois aprender com o outro é mais rápido e mais efectivo porque dá mais prazer. Por isso temos que ter o cuidado para que este seja mais voltado para o lúdico, menos ‘obrigação’. Se é usado como finalidade única a da instrução e seguimento de regras, perde seu carácter de espontaneidade e deixa de ser jogo.

O Significado dos Jogos
Conhecedores da importância do jogo como acção pedagógica, desde que inserido no planeamento educacional, (de acordo com Freire (1989), num contexto de educação escolar, o jogo proposto como forma de ensinar conteúdos às crianças aproxima-se muito do trabalho. Não se trata de um jogo qualquer, mas sim de um jogo transformado em um instrumento pedagógico, em um meio de ensino).
É notável que sempre que falamos em jogo, há um grande interesse e motivação por parte de todos, pois o jogo faz parte da nossa cultura e do nosso dia-a-dia. Ele é movimento, e sendo movimento trabalha com o corpo e representa valores sociais e culturais.
O jogo satisfaz as necessidades de quem joga, especialmente a necessidade de “acção”. Assim, para entender o avanço da criança e/ou do grupo no seu desenvolvimento, devemos conhecer quais as motivações, tendências e incentivos que se colocam em acção. Não sendo o jogo aspecto dominante da infância, ele deve ser entendido como “factor de desenvolvimento” por estimular o exercício do pensamento, que pode desvincular-se das situações reais e levá-la a agir independente do que ela vê.
Quando se joga, operamos com o significado das nossas acções, o que faz desenvlover a vontade e, ao mesmo tempo, tornarmo-nos conscientes das nossas escolhas e decisões. Por isso, o jogo apresenta-se como elemento básico para mudança das necessidades e da consciência.
Neste contexto, o jogo deve ser proposto como uma forma de ensinar, educar e desenvolver o crescimento cognitivo, afectivo, social e psicomotor, facilitando e permitindo a interacção com o grupo.

Para Brotto (1999) o jogo é um meio para o desenvolvimento integral do ser humano e de aprimoramento da qualidade de vida.

Por isso quando o conteúdo educativo for jogos devemos ter o cuidado para não colocar os participantes a jogar simplesmente para existir um ganhador ou perdedor, mas que através do jogo se busque o crescimento do jogador, como pessoa, como ser humano, que este seja motivado para a acção, que participe no grupo, que se sinta valorizado, acolhido e integrado em todos os momentos, com oportunidade de livre expressão, respeitando suas limitações e valorizando as suas experiências.

Ainda nesse sentido, segundo Brotto (1999), podemos aprender que o verdadeiro valor do jogo, não está em somente vencer ou perder, mas está também, fundamentalmente, na oportunidade de jogar juntos para transcender a ilusão de sermos separados uns dos outros, e para aperfeiçoar nossa vida em comunidade.

Vale a pena ressaltar a importância de que esta metodologia ‘do Jogo’ deve ser utilizada como uma prática pedagógica devidamente “intencionada” e “objectivada”, de tal modo que os jogos, não tenha simplesmente o objectivo de passar o tempo ou de fazê-lo porque os utentes gostam.

De encontro a esta perspectiva, Stumpf (2000) diz que o jogo como parte integrante do conjunto dos conteúdos, deve caracterizar-se como um conhecimento de indiscutível importância, que não pode ser considerado simplesmente como uma mera actividade utilitária e espontânea, desprovido de sentido educativo e de objectivos reais.

Assim implica dizer que devemos buscar a construção de novas formas de ensinar e aprender, lembrando que a aprendizagem só acontece quando quem joga começa a buscar por si mesmo o saber, sentindo nele o sabor da descoberta.

Jogos competitivos ou cooperativos: definição que faz a diferença

Brotto (1997) traça algumas diferenças entre os "estilos" dos jogos competitivos e cooperativos. Os jogos competitivos são divertidos apenas para alguns, pois muitos passam a ter um sentimento de derrota e acabam sendo excluídos por falta de habilidade, tornando-se apenas espectadores; em alguns, desenvolve-se um sentimento de desistência face às dificuldades e poucos se tornam bem sucedidos.

O autor ainda afirma que, ao praticar jogos cooperativos, todos no grupo são aceites e por isso, desenvolve-se a autoconfiança e a habilidade, que face às dificuldades é fortalecida, pois o jogo para cada jogador é um caminho de co-evolução. Estimula-se definitivamente a cooperação, a aceitação de todos como elementos de um ‘corpo’ comum que é o grupo. Torna-se necessário contar com todos, pese embora as suas deficiências, lacunas ou incapacidades, prevalecendo a cooperação e a entreajuda.

Nesta perspectiva, Orlick (1982) enumera alguns valores para se jogar cooperativamente. Entre esses valores encontra-se:

· Aprender a responsabilizar-se por si mesmo e pelo bem-estar dos outros,

· Jogar limpo,

· Respeitar os outros,

· Alternar formas de vencer,

· Aprender a perder,

· Eleger o objectivo apropriado,

. Introduzir estratégias para o controle da ansiedade e o desenvolvimento de técnicas básicas de relaxamento.

Para esse autor, o mais importante é ajudar as crianças e adolescentes e demais jogadores a verem a si mesmos e os outros como seres humanos igualmente valiosos, tanto na vitória como na derrota. O segredo é ajudar a introduzir valores adequados no jogo e a controlar a competição e não o contrário.

Complementando esta ideia, Silva (2000) diz que, para praticar os jogos cooperativos, deve-se aprender a harmonizar conflitos, crises e confrontos, aperfeiçoando a habilidade de viver em sociedade, criando solidariedade, cooperação e companheirismo. Por esse motivo, devemos defender a aplicação de jogos cooperativos como instrumento de educação e de transformação social.

Palavras finais sobre o jogo Após o abordado, é importante e necessário reflectir sobre o papel do jogo numa sociedade que está em transformação, valorizando-o como uma parte para a mudança de valores e atitudes do quotidiano, ressaltando que a educação é um processo que precisa atingir a pessoa em sua totalidade, na busca de tudo aquilo que a faz crescer e desenvolver.
Referências BROTTO, F.O. Jogos cooperativos: se o importante é competir o fundamental é cooperar. Santos: Projeto Cooperação, 1997. BROTTO, F.O. Jogos cooperativos: o jogo e o esporte como um exercício de convivência. Campinas, 1999. COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992. FREIRE, J.B. Educação de corpo inteiro. São Paulo: Scipioni, 1989. Orlick, T. The second cooperative sports and games books. New York: Pantheon, 1982. RODRIGUES, M. Manual teórico e prático de Educação Física infantil. 6. ed. São Paulo: Ícone, 1993. Silva, C.A.C. da . Jogos cooperativos no contexto das relações sociais - sua aplicação no cotidiano como instrumento de educação social. Brasília: Faculdade de Educação Física/Universidade de Brasília, 2000. Monografia de Especialização. STUMPF, J.M. O jogo nos dizeres e fazeres dos professores de Educação Física que atuam nas Séries Iniciais de Ensino Fundamental. Caxias do Sul: UCS, 2000. Monografia de Especialização.

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