domingo, 25 de outubro de 2009

Sensações Auditivas

Sensações Auditivas
Som
Audição
Frequência
Timbre
Ressonância
Articulação
Ataque Vocal
Expressão Vocal
Como nós percebemos os sons?
Som é o movimento organizado de moléculas que tem origem num corpo que vibra em um meio (sólido, líquido ou gasoso).
Som:
· Sensação – Experiência sensoriais, que podemos relacionar com nossas vidas, sejam de nível material ou emotiva.
· A propagação e percepção do som se dão através da compressão e rarefacção das moléculas do ar (ondas sonoras).
· Propagação e percepção do som podem ser por vibração craniana (vibração interna). · A temperatura e o meio interferem na propagação do som· (frio = propagação do som mais lenta - calor = propagação do som mais rápida).
Audição:
A sensibilidade do ouvido humano é tal, que podemos ouvir um mosquito zumbir do lado de fora da janela ainda que a força do som que chega aos ouvidos seja tão pequena que se aumentássemos ela em cem quadriliões de vezes, daria apenas para acender uma luz suficiente para ler.
Um dos factores importantes para quem canta é o treino auditivo. É necessário que o cantor não apenas ouça as notas, mas que ele seja capaz de interpretá-las e reproduzi-las. A afinação, que seria uma reprodução vocal, “neste caso”, de um determinado tom, depende de um aperfeiçoamento auditivo e de um processo refinado.
Os sons são recebidos pelo ouvido humano da seguinte forma:
1 – O tímpano capta as oscilações de pressão da onda sonora que atinge o ouvido e as converte em vibrações mecânicas que são transmitidas por meio da ligação de três pequenos ossos para o ouvido interno.
2 – O ouvido interno, ou cóclea, no qual as vibrações são classificadas de acordo com gamas de frequência, captadas por células receptoras, e convertidas em impulsos nervosos eléctricos.
3 – O sistema nervoso auditivo, que transmite os sinais neurais ao cérebro, onde a informação é processada, apresentada com uma imagem de detalhes auditivos em certa área do córtex (a superfície do cérebro e o tecido subjacente), identificada, armazenada na memória e eventualmente transferida para outros centros do cérebro.
Esses últimos estágios levam á percepção consciente dos sons musicais.
Existem 3 sensações auditivas primárias associadas a um determinado som musical: altura, intensidade e qualidades (timbres).
Frequência – a frequência é normalmente relacionada à altura, ou seja, tons graves e agudos (medida em hertz).
Intensidade – a intensidade é a “força” de um som, é o que as pessoas chamam de volume, podendo variar entre forte e fraco (medida em dB).
Timbre (qualidades vocais) – o timbre é o que difere uma voz de um som do outro, mesmo que eles estejam na mesma altura e na mesma intensidade. É o que poderíamos chamar de “impressão digital da voz”, identificação de uma voz ou de um determinado som.
Factores que influenciam e determinam o timbre vocal:
· Estrutura anatómica (de fonte e de filtro vocal)
· Funcionamento do aparelho fonador
· Intensidade
· Ressonância
· Frequência
· Articulação
A capacidade de atribuir a frequência e a intensidade de um determinado som pelos indivíduos ouvintes é o resultado de operações de um processamento no ouvido e no cérebro.
O ouvido humano tem a capacidade de localização dos sons. A pequena diferença de tempo entre os sinais acústicos detectados por cada ouvido (esquerdo e direito) é medida e codificada pelo sistema nervoso para fornecer a sensação da direcionabilidade do som.
Quando duas notas são ouvidas simultaneamente, o nosso cérebro é capaz de separá-las individualmente, dentre de certas limitações e a percepção de duas ou mais notas superpostas pode levar o ouvinte a interpretá-las como uma harmonia ou dissonância.
A música é feita de notas que variam o tempo. Para interpretar esse “tempo musical”, o cérebro analisa, armazena, compara com mensagens previamente armazenadas, interpreta e faz associações.
Uma melodia é o exemplo mais simples de mensagem musical.
Poderíamos definir como melodia, uma sucessão finita de notas com um determinado ritmo e sequência.
Existem infinitas frequências disponíveis, mas nosso sistema auditivo selecciona para a interpretação as frequências correspondentes às notas de uma escala musical.
O ser humano possui a habilidade auditiva de classificar e ordenar as sensações subjectivas auditivas. Tal habilidade deve estar presente principalmente em pessoas que fazem o uso da voz profissionalmente, como, por exemplo, os cantores.
O cantor deverá ser capaz de identificar uma nota como aguda ou grave, ou ainda fazer relação entre tons diferentes.
Duas sensações experimentadas, uma após a outra podem, em geral, ser ordenadas pelo indivíduo que as experimentou quanto ao atributo específico, como por exemplo, tons, ritmos e intensidade.
A música consiste em sucessões de sons seleccionados a partir de um repertório muito limitado das alturas discretas de uma determinada escala.
A interpretação e percepção musical envolvem não apenas o aparelho auditivo, mas a “bagagem” emocional e o condicionamento cultural de cada indivíduo.
Além de ouvir cuidadosamente e interpretar os sons musicais, o cantor deve aprender a ouvir, perceber suas qualidades vocais para poder estar modificando-as.
- O ouvido musical favorece o cantor na sua qualidade e afinação vocal, bem como na sua capacidade de criação execução e interpretação.
- A “educação” do ouvido musical existe e é possível
- O desafinado, se trabalhado, percebe o problema e pode ser corrigido
- Existem, porém, dois extremos de percepção auditiva para o canto:
· TONE DEAF – capaz de cantar uma música inteira em um outro tom e não perceber (acredita-se que ele tenha uma alteração no ouvido interno)
· OUVIDO ABSOLUTO – reconhece as notas em suas diferentes frequências quando tocadas sozinhas ou agrupadas. Uma habilidade nata, mas não hereditária.
· Ouvido relativo – “normal”.
Ressonância:
Grande parte da beleza e qualidade da voz é produzida pela ressonância que começa na laringe e estende-se pela cavidade oral e cavidade nasal. A voz, originada pelo fluxo de ar vibrando as pregas vocais, é ampliada nas cavidades das vias aéreas superiores. Esta amplificação é denominada ressonância. A ressonância pode ser oral, nasal e mista.
Articulação:
A articulação é o processo de diferentes ajustes motores dos órgãos fono-articulatórios na produção e formação de sons–fonemas. Podemos ter: articulação precisa, sobre-articulação, articulação travada e imprecisa.
Ataque Vocal:
Poderíamos definir “ataque vocal” como o primeiro contacto das pregas vocais no momento da fonação.
O cantor deve estar atento aos diferentes tipos de ataques vocais que podem ser utilizados no momento da produção vocal para o canto. A utilização correcta de diferentes tipos de ataques vocais no momento da produção da voz cantada, podem favorecer a expressão vocal do cantor.
É importante salientar que ataques vocais como o tenso e o aspirado, durante o canto devem ser utilizados levando-se em consideração o aparelho fonador e os limites de funcionamento de cada cantor.
Tipos de ataque vocal:
· Aspirado
· Suave
· Isocrônico (“normal”)
· Tenso
Expressão Vocal:
O ponto principal para quem canta ou quem fala é a comunicação. A mensagem a ser transmitida deve ser recebida e entendida pelo ouvinte.
Para que haja comunicação durante o canto é necessário que seja colocado sentimento na mensagem. Sentimentos estes que serão expressados através da postura corporal como um todo, mas principalmente através da voz.
O cantor deve ser capaz de revelar o que o texto e a música escondem e, para tanto, sua voz deverá ser a ponte de emoção entre a música e o público.
Para que isso aconteça, o cantor deverá preparar-se física e mentalmente para cantar. É preciso que ele se concentre e faça a representação da imagem acústica do som, sua altura, seu colorido do ponto de vista auditivo, de seu mecanismo e das sensações que ele provoca.
Todos estes ajustes deverão estar ligados à letra e melodia da música e ao sentido que o autor da música atribuiu a ela.
O cantor deverá utilizar-se conscientemente e sensitivamente dos recursos corporais e vocais para a transmissão do canto expressivo.
Alguns elementos musicais e vocais devem ser utilizados para a eficiência da expressão vocal. O impulso, intenção, equilíbrio, suspensão, precisão, hipertensão, vibrato, atenção, consciência, concentração, neutralidade, amplitude, relaxamento, ritmo, pausa, intensidade, entonação, projecção, articulação e ressonância.
Além desses factores, é necessário ainda levar-se em consideração que a criatividade e a sensibilidade vocal devem estar integradas às vivências culturais e sociais do cantor e do ouvinte.
O compositor inglês Thomas MORLEY (1557-1602), referindo-se ao emocional, aconselhava aos alunos: “vocês devem encontrar uma espécie de estado de paixão, de tal maneira que a vossa música seja como um vento, ora furioso, ora manso, ora severo, ora reservado, e logo entregando-se a ela. Assim, quanto mais expressiva for vossa música, mais amada ela será”.
KIRCHER (1650) relacionou alguns estados emocionais com representações musicais:
a. Alegria: modo maior, com tempo rápido, intervalos consonantes e grandes, tessituras mais agudas e brilhantes.
b. Tristeza: modo menor, com tempo mais lento, intervalos pequenos (sons e semitons), tessituras mais graves e escuras e dissonâncias. O conteúdo musical deverá deslizar na performance vocal do cantor.
Nota: Um dos problemas da pessoa com características Tone Deaf pode ser o excesso de ressonância interna associada a uma hipersensibilidade do ouvido interno. Esta falha acciona um mecanismo de protecção, causando a atenuação da vibração dos ossículos internos (martelo, bigorna e estribo), diminuindo assim a recepção externa do som, a maioria do tempo em que o indivíduo está vocalizando. Como essa sensibilidade é, na maioria das vezes, congénita, ocorre que desde os primeiros contactos com a música o indivíduo nunca tem oportunidade de equiparar e analisar o som que produz com o som de referência, a menos que tenha consciência do problema e reeduque seu ouvido, monitorizando sua emissão vocálica para poder equiparar e equalizá-la com o som de referência. Esse é apenas um dos casos entre muitos. O Monotónico, o mais grave entre os desafinados, também se enquadra nesse esquema, porém de modo bem mais acentuado

Ruído

Ruído
No senso comum, a palavra ruído significa barulho, som ou poluição sonora não desejada. Na electrónica o ruído pode ser associado à percepção acústica, por exemplo de um "chiado" característico (ruído branco) ou aos "chuviscos" na recepção fraca de um sinal de televisão. De forma parecida a granulação de uma foto, quando evidente, também tem o sentido de ruído. No processamento de sinais o ruído pode ser entendido como um sinal sem sentido (aleatório), sendo importante a relação Sinal/Ruído na comunicação. Na Teoria da informação o ruído é considerado como portador de informação. O ruído faz-se presente nos estudos de Acústica, Cibernética, Biologia, Electrónica, Computação e Comunicação. Classificação Ruído natural - refere-se a ruídos de causas naturais tais como Radiação cósmica de fundo, ruídos atmosféricos, ruídos inerentes a dispositivos passivos e activos da electrónica Ruído artificial - refere-se a ruídos de causas artificiais, como por exemplo, ruídos de interferência Ruído exógeno - refere-se às interferências externas ao processo de comunicação, como outra mensagem. Ruído endógeno - refere-se às interferências internas do processo de comunicação, como perda de mensagem durante seu transporte ou má utilização do código. Ruído de repertório - refere-se às interferências ocorridas directamente na produção ou interpretação da mensagem, provocadas pelo repertório dos emissores e receptores. EFEITOS NOCIVOS DO RUÍDO O ruído actua através do ouvido sobre os sistemas nervosos central e autónomo. Quando o estímulo ultrapassa determinados limites, produz-se surdez e efeitos patológicos em ambos os sistemas, tanto instantâneos como diferidos. A níveis muito menores, o ruído produz incómodo e dificulta ou impede a atenção, a comunicação, a concentração, o descanso e o sono. A reiteração de estas situações pode ocasionar estados crónicos de nervosismo e stress, o que por sua vez leva a transtornos psicofísicos, doenças cardiovasculares e alterações do sistema imunitário.A diminuição do rendimento escolar e profissional, os acidentes de trabalho e de tráfego, certas condutas anti-sociais e a tendência para o abandono das cidades são algumas das consequências. IncómodoÉ talvez o efeito mais comum do ruído sobre as pessoas e a causa da maior parte das queixas. A sensação de incómodo precede não só com a interferência com a actividade em curso ou com o repouso, mas também com outras sensações, menos definidas mas por vezes muito intensas, de estar sendo perturbado. As pessoas afectadas falam frequentemente de intranquilidade, inquietude, desassossego, depressão e ansiedade. Tudo isto contrasta com a definição de saúde dada pela Organização Mundial de Saúde: “Um estado de completo bem estar físico, mental, e social, não mera ausência de doença”. Interferência com a comunicação. O nível de som de uma conversação em tom normal, a 1 metro da outra pessoa, varia entre os 50 e 55 dB(A), falando aos gritos pode-se chegar a valores de 75 ou 80 dB(A). Por outro lado, para que a palavra seja perfeitamente audível é necessário que a sua intensidade super em 15 dB(A) o ruído de fundo. Portanto um ruído de fundo superior a 35 ou 40 dB(A) provocará dificuldades na comunicação oral, que só se pode resolver, parcialmente, aumentando o tom de voz. A partir dos 65 dB(A) de ruído, a conversa se torna extremamente difícil. Perda de atenção, concentração e de rendimento É evidente que quando da realização de uma tarefa se necessita de concentração, no entanto se existir um ruído repentino produzirá distracções que reduzem o rendimento em muitos tipos de trabalho, aparecendo erros e diminuindo a qualidade e quantidade de trabalho desenvolvido.Alguns acidentes, tanto laborais como de circulação, podem ser devidos a este efeito. Em certos casos as consequências são duradouras, por exemplo, uma criança submetida a elevados níveis de ruído durante a idade escolar, não só aprende a ler com maior dificuldade como também tende a alcançar patamares inferiores no domínio da leitura. Transtornos durante o sono O ruído influência negativamente o sono de três formas diferentes que se dão de maior ou menor grau segundo particularidades individuais, a partir dos 30 dB(A). 1 – Mediante a dificuldade ou impossibilidade de dormir 2 – Causando interrupções no sono, que sendo repetidas podem levar a insónias. A partir dos 45 dB(A) a probabilidade de despertar é grande. 3 – Diminuição da qualidade do sono, sendo este menos tranquilo e acordar nas fases mais profundas pode provocar aumento da pressão arterial e o ritmo cardíaco. Danos do ouvido O efeito descrito neste item, (perda de capacidade auditiva) não depende da qualidade mais ou menos agradável que se atribui ao som recebido nem que este seja desejado ou não. Trata-se de um efeito físico que depende unicamente da intensidade do som, sujeito naturalmente a variações individuais. Na surdez transitória ou fadiga auditiva, não existe lesão. A recuperação é normalmente quase completa ao fim de 2 horas e completa ao fim de 16 horas de cessar o ruído, se se permanecer num estado de conforto acústico. A surdez permanente produz-se por exposições prolongadas a níveis superiores a 75 dB(A), bem como a sons de curta duração a mais de 110 dB(A) ou por acumulação da fadiga auditiva sem tempo suficiente de recuperação. Existem lesões do ouvido interno. Stress As pessoas submetidas de forma prolongada a situações como as anteriormente descritas (ruídos que a tenham perturbado e frustado os estados de atenção, concentração ou comunicação, ou que tenham sido afectadas na sua tranquilidade, descanso ou no sono), desenvolvem alguns dos síndromas seguintes: Cansaço crónico Tendência para terem insónias Doenças cardiovasculares (o risco de ataques de coração em pessoas submetidas a valores superiores a 65 dB(A) no período diurno, aumenta entre os 20 a 30%. Transtornos no sistema imunitário responsável pela resposta às infecções e aos tumores. Transtornos psicofisicos como a ansiedade, depressão, irritabilidade, náuseas, enxaquecas. Variações de conduta, especialmente comportamentos antisociais tais como a hostilidade, intolerância e a agressividade. Grupos vulneráveis Certos grupos são especialmente sensíveis ao ruído. Entre eles encontram-se as crianças, os idosos, os doentes, as pessoas com dificuldades auditivas ou de visão e os fetos. Habituação ao ruído Tem se falado de casos de soldados que conseguem dormir junto a peças de artilharia a disparar ou de comunidades cerca de aeroportos que também conseguem. È certo que a médio ou longo prazo o organismo se habitua ao ruído, empregando para eles dois mecanismos diferentes para cada um dos quais se paga um preço diferente.O primeiro mecanismo é a diminuição da sensibilidade do ouvido e o seu preço é a surdez temporária ou permanente.O segundo mecanismo é o cérebro que se habitua, isto é, ouvimos o ruído mas não nos damos conta. Durante o sono os sinais chegam ao nosso sistema nervoso, não nos desperta mas desencadeiam consequências fisiológicas, tais como: frequência cardíaca, fluxo sanguíneo ou actividade eléctrica cerebral. É a chamada síndroma de adaptação.
Resumo dos valores críticos A partir destes valores em décibeis começa-se a sentir estes efeitos nocivos.
30 Dificuldade em conciliar o sonoPerda de qualidade do sono 40 Dificuldade na comunicação verbal 45 Provável interrupção do sono 50 Incomodo diurno moderado 55 Incomodo diurno forte 65 Comunicação verbal extremamente difícil 75 Perda de audição a longo prazo 110 – 140*
Perda de audição a curto prazo Valores recomendados pela OMS
O SOM
Como Forma de Comunicação
O Tratamento de Sinais Sonoros
O Trabalho da Sonoplastia
Técnicas de Captação,
Montagem e Mistura
O Som é uma vibração de moléculas. Quando ele é produzido, faz com as moléculas do ar (ou de qualquer outro meio material) vibrem de um lado para o outro. Isso faz vibrar o grupo de moléculas seguintes, que por sua vez provoca a vibração de outro grupo. É assim o som se propaga.

O ouvido é essencialmente um mecanismo de recepção de ondas sonoras e de conversão de ondas sonoras em impulsos nervosos.
O ouvido é formado de três partes:
Ouvido Externo,
Ouvido Médio e
Ouvido Interno.
O ouvido externo capta as vibrações de ar; O ouvido médio amplia-as, conduzindo-as ao ouvido interno; O ouvido interno transforma as vibrações em mensagens nervosas.
Ouvido Externo - Ouvido Médio - Ouvido Interno 1) Canal auditivo 2) Tímpano 3) Martelo 4) Bigorna 5) Estribo 6) Janela oval 7) Tromba de Eustáquio 8) Cóclea 9) Nervo auditivo
Ouvido Externo O ouvido externo é formado de uma concha de cartilagem flexível e pele, ligada às partes laterais da cabeça conduzindo a um canal que se dirige para dentro.
O ouvido externo funciona como um tubo de audição, isto é, recolhe e concentra ondas sonoras, conduzindo-as, depois, para que atinjam o tímpano. No ser humano ele tem pouca importância - poderíamos ouvir muito bem sem o ouvido externo. Em muitos animais, no entanto, o ouvido externo pode rodar e voltar-se na direcção da fonte do som e executar uma importante função ao recolher as ondas sonoras.
O tímpano está numa posição oblíqua em relação ao canal auditivo, propiciando assim uma superfície maior para receber as vibrações do que se fosse perpendicular. É uma membrana com uma infinidade de fibras delicadas dispostas em círculos concêntricos que lhe dão elasticidade e fibras elásticas resistentes distribuídas como as varetas de um guarda-chuva para lhe dar resistência.
Ouvido Médio
No interior do ouvido médio há uma cadeia de três pequeninos ossos. O mais externo, chamado martelo, está encostado no tímpano. O martelo articula-se a um outro osso chamado bigorna. Este, por sua vez, encontra-se articulado com o estribo.
A base do estribo repousa na janela oval do ouvido interno.Os três ossos actuam como alavancas, aumentando cerca de vinte e duas vezes a força da vibração inicial recebida pelo tímpano. Esse estímulo ampliado é conduzido à membrana que cobre a janela oval.Ainda em relação ao ouvido médio devemos mencionar a trompa de Eustáquio que o comunica com a garganta. A função desse canal consiste em estabelecer o equilíbrio da pressão em ambos os lados do tímpano. Se, por exemplo, você subir num elevador, reduz a pressão externa com o aumento da altitude. O ar do interior do ouvido médio tende a empurrar o tímpano para fora.
Parte desse ar, no entanto, é conduzido à boca pela trompa de Eustáquio, igualando, assim, as pressões exercidas sobre o tímpano. Quando se desce de um lugar alto a trompa de Eustáquio conduz o ar da boca para o ouvido médio.
Ouvido Interno
O ouvido interno ou labirinto é formado pela cóclea ou caracol e pelos canais semicirculares. Abordaremos aqui somente a cóclea, que é o órgão do sentido da audição. Os canais relacionam-se ao equilíbrio e ao senso de orientação do corpo. A cóclea tem a forma de uma concha de caracol, sendo uma espiral de duas voltas e meia. Está cheia de linfa, um fluído semelhante ao sangue, diferente deste por não conter glóbulos vermelhos. As ondas sonoras são transmitidas do tímpano ao fluído da cóclea pelos três ossos.
A cóclea é revestida pela membrana sensitiva formada de 24.000 fibras.Segundo a teoria da ressonância, as fibras da membrana basilar assemelham-se às cordas de um piano. Na cóclea, as "cordas" auditivas - as fibras basilares - aumentam de comprimento gradativamente da base para o ápice da cóclea, exatamente como as cordas do piano. Quando elas vibram estimulam as células nervosas próximas a enviarem um impulso nervoso ao cérebro, onde é interpretado com som grave ou agudo.
A maioria das pessoas pode ouvir ondas compressionais se a sua frequência for maior que 16 vibrações por segundo e menor que cerca de 16.000 vibrações por segundo. Alguns animais têm os ouvidos mais apurados. Um cachorro pode ouvir ondas de frequência até 25.000 vibrações por segundo e um morcego até 50.000 vibrações por segundo. Surdez
Algumas pessoas são totalmente surdas porque todos os nervos de seus ouvidos estão completamente paralisados.
Outras pessoas são parcialmente surdas porque alguns desses nervos estão danificados. Muitas delas usam pequenos receptores montados nas orelhas e ligados a pequenos microfones e amplificadores que aumentam a altura dos sons.
Quando o tímpano está danificado ou o martelo não funciona bem, o receptor é preso bem atrás do ouvido e a audição se dá por condução óssea.
O JOGO

A Importância do jogo O significado e a importância do jogo na vida humana têm sido objecto de estudos de diferentes áreas de conhecimento. Sabemos que desde os tempos mais remotos o jogo é uma actividade associada ao homem e ao seu processo de socialização.

O jogo fez, desde sempre, parte da vida em sociedade; nas festividades, na transmissão cultural, nas formas de culto e adoração, ou simplesmente no dia-a-dia, com características mais ou menos lúdicas ou educativas.

O Jogo representa uma actividade que todos sentem prazer em praticar. Simboliza as mais diversas vivências do nosso quotidiano, como uma actividade livre através da qual demonstramos nossa forma de lidar com o mundo, com o outro e com nós mesmos.

É fácil observar que o jogo se manifesta de maneira espontânea e descontraída. Alivia a tensão interior, e demonstra frequentemente expressões de contentamento a quem joga. Os jogadores agem sem medo, com educação e um comportamento adequado a cada circunstância.
Neste contexto, o jogo favorece também o desenvolvimento físico, mental, emocional e social.
O jogo constitui um veículo educacional muito importante. É um fenómeno cultural e biológico; constitui actividade livre, alegre que encerra um sentido, uma significação; favorece o desenvolvimento corporal; estimula a vida psíquica e a inteligência; contribui para a adaptação ao grupo, preparando a criança para viver em sociedade. Rodrigues (1993) .
O jogo também assegura o espaço de prazer e aprendizagem, pois aprender com o outro é mais rápido e mais efectivo porque dá mais prazer. Por isso temos que ter o cuidado para que este seja mais voltado para o lúdico, menos ‘obrigação’. Se é usado como finalidade única a da instrução e seguimento de regras, perde seu carácter de espontaneidade e deixa de ser jogo.

O Significado dos Jogos
Conhecedores da importância do jogo como acção pedagógica, desde que inserido no planeamento educacional, (de acordo com Freire (1989), num contexto de educação escolar, o jogo proposto como forma de ensinar conteúdos às crianças aproxima-se muito do trabalho. Não se trata de um jogo qualquer, mas sim de um jogo transformado em um instrumento pedagógico, em um meio de ensino).
É notável que sempre que falamos em jogo, há um grande interesse e motivação por parte de todos, pois o jogo faz parte da nossa cultura e do nosso dia-a-dia. Ele é movimento, e sendo movimento trabalha com o corpo e representa valores sociais e culturais.
O jogo satisfaz as necessidades de quem joga, especialmente a necessidade de “acção”. Assim, para entender o avanço da criança e/ou do grupo no seu desenvolvimento, devemos conhecer quais as motivações, tendências e incentivos que se colocam em acção. Não sendo o jogo aspecto dominante da infância, ele deve ser entendido como “factor de desenvolvimento” por estimular o exercício do pensamento, que pode desvincular-se das situações reais e levá-la a agir independente do que ela vê.
Quando se joga, operamos com o significado das nossas acções, o que faz desenvlover a vontade e, ao mesmo tempo, tornarmo-nos conscientes das nossas escolhas e decisões. Por isso, o jogo apresenta-se como elemento básico para mudança das necessidades e da consciência.
Neste contexto, o jogo deve ser proposto como uma forma de ensinar, educar e desenvolver o crescimento cognitivo, afectivo, social e psicomotor, facilitando e permitindo a interacção com o grupo.

Para Brotto (1999) o jogo é um meio para o desenvolvimento integral do ser humano e de aprimoramento da qualidade de vida.

Por isso quando o conteúdo educativo for jogos devemos ter o cuidado para não colocar os participantes a jogar simplesmente para existir um ganhador ou perdedor, mas que através do jogo se busque o crescimento do jogador, como pessoa, como ser humano, que este seja motivado para a acção, que participe no grupo, que se sinta valorizado, acolhido e integrado em todos os momentos, com oportunidade de livre expressão, respeitando suas limitações e valorizando as suas experiências.

Ainda nesse sentido, segundo Brotto (1999), podemos aprender que o verdadeiro valor do jogo, não está em somente vencer ou perder, mas está também, fundamentalmente, na oportunidade de jogar juntos para transcender a ilusão de sermos separados uns dos outros, e para aperfeiçoar nossa vida em comunidade.

Vale a pena ressaltar a importância de que esta metodologia ‘do Jogo’ deve ser utilizada como uma prática pedagógica devidamente “intencionada” e “objectivada”, de tal modo que os jogos, não tenha simplesmente o objectivo de passar o tempo ou de fazê-lo porque os utentes gostam.

De encontro a esta perspectiva, Stumpf (2000) diz que o jogo como parte integrante do conjunto dos conteúdos, deve caracterizar-se como um conhecimento de indiscutível importância, que não pode ser considerado simplesmente como uma mera actividade utilitária e espontânea, desprovido de sentido educativo e de objectivos reais.

Assim implica dizer que devemos buscar a construção de novas formas de ensinar e aprender, lembrando que a aprendizagem só acontece quando quem joga começa a buscar por si mesmo o saber, sentindo nele o sabor da descoberta.

Jogos competitivos ou cooperativos: definição que faz a diferença

Brotto (1997) traça algumas diferenças entre os "estilos" dos jogos competitivos e cooperativos. Os jogos competitivos são divertidos apenas para alguns, pois muitos passam a ter um sentimento de derrota e acabam sendo excluídos por falta de habilidade, tornando-se apenas espectadores; em alguns, desenvolve-se um sentimento de desistência face às dificuldades e poucos se tornam bem sucedidos.

O autor ainda afirma que, ao praticar jogos cooperativos, todos no grupo são aceites e por isso, desenvolve-se a autoconfiança e a habilidade, que face às dificuldades é fortalecida, pois o jogo para cada jogador é um caminho de co-evolução. Estimula-se definitivamente a cooperação, a aceitação de todos como elementos de um ‘corpo’ comum que é o grupo. Torna-se necessário contar com todos, pese embora as suas deficiências, lacunas ou incapacidades, prevalecendo a cooperação e a entreajuda.

Nesta perspectiva, Orlick (1982) enumera alguns valores para se jogar cooperativamente. Entre esses valores encontra-se:

· Aprender a responsabilizar-se por si mesmo e pelo bem-estar dos outros,

· Jogar limpo,

· Respeitar os outros,

· Alternar formas de vencer,

· Aprender a perder,

· Eleger o objectivo apropriado,

. Introduzir estratégias para o controle da ansiedade e o desenvolvimento de técnicas básicas de relaxamento.

Para esse autor, o mais importante é ajudar as crianças e adolescentes e demais jogadores a verem a si mesmos e os outros como seres humanos igualmente valiosos, tanto na vitória como na derrota. O segredo é ajudar a introduzir valores adequados no jogo e a controlar a competição e não o contrário.

Complementando esta ideia, Silva (2000) diz que, para praticar os jogos cooperativos, deve-se aprender a harmonizar conflitos, crises e confrontos, aperfeiçoando a habilidade de viver em sociedade, criando solidariedade, cooperação e companheirismo. Por esse motivo, devemos defender a aplicação de jogos cooperativos como instrumento de educação e de transformação social.

Palavras finais sobre o jogo Após o abordado, é importante e necessário reflectir sobre o papel do jogo numa sociedade que está em transformação, valorizando-o como uma parte para a mudança de valores e atitudes do quotidiano, ressaltando que a educação é um processo que precisa atingir a pessoa em sua totalidade, na busca de tudo aquilo que a faz crescer e desenvolver.
Referências BROTTO, F.O. Jogos cooperativos: se o importante é competir o fundamental é cooperar. Santos: Projeto Cooperação, 1997. BROTTO, F.O. Jogos cooperativos: o jogo e o esporte como um exercício de convivência. Campinas, 1999. COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992. FREIRE, J.B. Educação de corpo inteiro. São Paulo: Scipioni, 1989. Orlick, T. The second cooperative sports and games books. New York: Pantheon, 1982. RODRIGUES, M. Manual teórico e prático de Educação Física infantil. 6. ed. São Paulo: Ícone, 1993. Silva, C.A.C. da . Jogos cooperativos no contexto das relações sociais - sua aplicação no cotidiano como instrumento de educação social. Brasília: Faculdade de Educação Física/Universidade de Brasília, 2000. Monografia de Especialização. STUMPF, J.M. O jogo nos dizeres e fazeres dos professores de Educação Física que atuam nas Séries Iniciais de Ensino Fundamental. Caxias do Sul: UCS, 2000. Monografia de Especialização.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

A Animação Sociocultural tem como razão da sua existência a intervenção na produção do ser humano.

“ O crescimento da população urbana sem planificação prévia, criou graves problemas de “massificação”, originando desenraizamento, alteração e adulteração de valores e marginalidade.”

  • Colmatar o vazio cultural existe nas cidades e nos centros urbanos em geral;
  • As grandes cidades e centros urbanos, representam comunidades de pessoas de diversas culturas, formas de estar e interpretar a vida em sociedade. Este é um dos objectivos clássicos da Animação Sociocultural;
  • Salvaguardar a identidade de cada um, desenvolver acções culturais e sociais descentralizadas e realizá-las nos locais onde vivem as pessoas;
  • Respeitas a diferença como ponto de partida para encontrar a igualdade;
  • Procurar lutar pela defesa da identidade de cada individuo, de acordo com as suas necessidades, as suas preocupações, os seus interesses, os seus medos e receios, mas também com os seus prazeres, as suas capacidades e incapacidades, a sua criatividade ou falta dela, e, muitas vezes não temos isso em conta, as suas limitações e as suas falhas;
  • Estimular e permitir as relações interpessoais;
  • Combater a realidade do dia-a-dia que transforma os indivíduos em criaturas anónimas, separadas, passivas, deprimidas;
  • Ajudar a que as pessoas se encontrem, convivam, participem, e que sinta o seu local de vida como seu;
  • Estimular a participação cidadã;
  • Potenciar o multiculturalismo.

Estes são os principais objectivos da animação, que devem ser devidamente adaptados a cada situação de trabalho. Seja em contexto de ATL, Ludoteca, ou com idosos, etc, os objectivos básicos da animação são estes e inquestionáveis.

Trabalhar com crianças ou com idosos, implica sempre o respeito pela identidade de cada um, o respeito pelas suas características individuais, o estímulo pelo convívio, pelo incentivo á participação etc.

Outros objectivos complementares:

  • Evitar que se acentue (cada vez mais) o fosso existente nos diferentes sectores da sociedade;
  • Corrigir o grande vazio produzido nos centros urbanos;
  • Criar espaços de convívio e convivência;
  • Incentivar e facilitar os contactos interpessoais;
  • Criar assim as condições onde possam surgir a participação, a criatividade, a expressão e a contestação.

A Animação Sociocultural tem por objectivo ajudar a encontrar a “alma” do indivíduo, como “ser social”. Combater o desenraizamento dos cidadãos e a debilitação do tecido social.

A ASC, como pedagogia da cultura, luta pela abolição das desigualdades Socioculturais entre os membros de uma comunidade;

A ASC deve dar lugar a projectos concretos que devem nascer da comunidade com a finalidade de a transformar e melhorar;

A ASC aplica o postulado metodológico e pedagógico da “proximidade “ ou “vizinhança vital”;

Procurar intervir na construção de redes sociais para a “acção mediadora” e para a “comunicação de encontro”;

Incentivar e estimular nos indivíduos o gosto e a importância da Educação, como a melhor estratégia para que os colectivos sociais se identifiquem com a sua comunidade.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

A Criança e o Faz de Conta

Neste texto usaremos a expressão faz-de-conta com o seguinte sentido: “Uma conduta lúdica da criança que usa a representação dramática sem as preocupações que a palavra representar tem no seu sentido usual, ou seja, para um público, para ser apreciada por observadores externos”. O FAZ DE CONTA, é uma actividade psicológica de grande complexidade. É uma actividade lúdica que desencadeia na criança, o uso da imaginação criadora pela impossibilidade de satisfação imediata dos seus desejos. Essa actividade enriquece a identidade da criança, porque ela experimenta outras formas de ser e de pensar; amplia as suas concepções sobre as coisas e as pessoas, porque a faz desempenhar vários papéis sociais, uma vez que representa diferentes personagens. Quando brinca, a criança elabora hipóteses para a resolução de seus problemas e toma atitudes, muito para além do comportamento habitual de sua idade. Busca alternativas para transformar a “sua” realidade. Os seus sonhos e desejos, na brincadeira, podem ser realizados facilmente, quantas vezes a criança o desejar, criando e recriando as situações com que procura satisfazer alguma necessidade presente em seu interior.
Uma das funções básicas do brincar é permitir que a criança aprenda a elaborar/ resolver situações conflitivas que vivência no seu dia a dia. E para isso, usará capacidades como a observação, a imitação e a imaginação. Essas representações, que de início podem ser "simples", de acordo com a idade da criança, darão lugar a um “faz de conta” mais elaborado, que além de ajudá-la a compreender situações de possível conflito, ajuda a entender e assimilar os papéis sociais que fazem parte de nossa cultura (o que é ser pai, mãe, filho, professor, médico,...).
Através desta imitação representativa, a criança vai também aprender a lidar com regras e normas sociais. Desenvolve a capacidade de interacção e aprende a lidar com o limite. Neste caso concreto, os jogos com regras são fundamentais, principalmente a partir dos 6 anos de idade. Quando se discute o papel do brinquedo no "faz de conta", refere-se especificamente à brincadeira de "faz-de-conta", como brincar ás casinhas, brincar às escolas ou aos professores, brincar com um cabo de vassoura como se fosse um cavalo. As crianças evoluem por intermédio de suas próprias brincadeiras e das invenções das brincadeiras feitas por outras crianças e adultos.
Nesse processo, ampliam gradualmente sua capacidade de visualizar a riqueza do mundo real que a rodeia, e, no plano simbólico, procuram entender o mundo dos adultos. Ainda que com conteúdos diferentes, estas brincadeiras possuem uma característica comum: a actividade do homem e as suas relações sociais e profissionais. Deste modo, a criança desenvolve a linguagem e a narrativa e nesse processo vão adquirindo uma melhor compreensão de si próprias e do outro, pela contraposição com coisas e pessoas que fazem parte de seu meio, e que estão, portanto, culturalmente bem definidas. Ao reproduzir o comportamento social do adulto nos seus jogos, a criança está a mesclar situações reais com elementos de sua acção fantasiosa.
Esta fantasia surge da necessidade da criança, como já dissemos, em reproduzir o quotidiano da vida do adulto da qual ela ainda não pode participar activamente. Porém, essa reprodução necessita de conhecimentos prévios da realidade exterior. Deste modo, quanto mais rica for a experiência humana, maior será o material disponível para a imaginação que irá materializar nos seus jogos e brincadeiras. A construção do real parte, então, do social. Da interacção com outros, quando a criança imita o adulto e é orientada por ele, a noção do real é paulatinamente interiorizada pela criança. Conforme a brincadeira se vai desenvolvendo, acontece uma aproximação com a realização consciente do seu propósito. Um aspecto importante, é que, no jogo de faz-de-conta, a criança passa a dirigir o seu comportamento pelo mundo imaginário, isto é, o pensamento está separado dos objectos e a acção surge das ideias. Assim, do ponto de vista do desenvolvimento, o jogo de faz-de-conta pode ser considerado um meio para desenvolver o pensamento abstracto. Tanto a actividade lúdica quanto a actividade criativa surgem marcadas pela cultura e mediadas pelos sujeitos com que ela se relaciona.
Mas além de ser uma situação imaginária, o brinquedo é também uma actividade regida por regras. Mesmo no universo do "faz-de-conta" há regras que devem ser seguidas. Ao brincar aos autocarros, por exemplo, exerce o papel de motorista. Para isso tem que tomar como modelo os motoristas reais que conhece e extrair deles um significado mais geral e abstracto para a categoria "motorista". Para brincar conforme as regras, tem que esforçar-se para exibir um comportamento ao do motorista, o que a impulsiona para além de seu comportamento como criança. Tanto pela criação da situação imaginária, como pela definição de regras específicas, o brinquedo cria uma zona de desenvolvimento de proximidade na criança. No brinquedo a criança comporta-se de forma mais avançada do que nas actividades da vida real e também aprende a separar objecto/significado. Há que quebrar a dicotomia de mundo-adulto-sério-real e mundo-infantil-lúdico-fantasioso.
Fantasia e realidade se re-alimentam e possibilitam que a criança - assim como os adultos - estabeleça conceitos e relações; insira-se enquanto sujeito social que é. Ele sinaliza que, ao brincar, a criança não está só fantasiando, mas fazendo uma ordenação do real; tendo a possibilidade de dar um novo significado às suas diversas experiências quotidianas. A imitação, o faz-de-conta, permite a reconstrução interna daquilo que é observado externamente e, portanto, através da imitação são capazes de realizar acções que ultrapassam o limite de suas capacidades. Pois, se através da imitação, a criança aprende, nada mais positivo que a escola promova situações que possibilitem a imitação, a observação e a reprodução de modelos. As situações de imitação precisam intervir e desencadear um processo de aprendizagem. A promoção de actividades, que favoreçam o envolvimento das crianças, que propiciem várias brincadeiras, num ambiente agradável, principalmente aquelas que promovem a criação de situações imaginárias, têm nítida função pedagógica. A escola e, particularmente a pré-escola, poderiam a partir desse tipo de situações, actuar no processo de desenvolvimento das crianças. Principalmente na pré-escola, a brincadeira não deveria ser considerada uma actividade de passatempo, sem outra finalidade que a diversão. Para tanto, é preciso, inicialmente, considerar as brincadeiras que as crianças trazem de casa ou da rua e que organizam independentemente do adulto, como um diagnóstico daquilo que já conhecem, tanto no diz respeito ao mundo físico ou social, bem como do afectivo e, é necessário que a escola possibilite o espaço, o tempo e um educador que seja o elemento mediador das interacções das crianças com os objectos de conhecimento.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Afinal, o que é a ÉTICA Sobre a Ética, no dia-a-dia, na actividade profissional, na escola... http://www.youtube.com/watch?v=wsV6kAQqTO8

PERFIL DO ANIMADOR SOCIOCULTURAL

Índice: 1. Considerações Gerais sobre «O ANIMADOR e a ANIMAÇÃO » 1.1. Ser ANIMADOR 1.2. Condicionantes Humanas – de Carácter Geral… 1.3. Condicionantes Humanas – ao Nível dos Sentidos 1.4. Condicionantes Humanas – Para a Acção 1.5. Condicionantes de Carácter Formativo 2. A Prática do Exercício da ANIMAÇÃO 2.1. Principais Características da Prática da Animação 2.2. Categorias / Tipologia e Modalidades da Animação Sociocultural 2.3. Campos e Âmbitos da Animação Sociocultural 3. O ANIMADOR 3.1. Aproximação à figura do ANIMADOR SOCIOCULTURAL E AS principais Características do Profissional de ANIMAÇÃO 4. AS “QUALIDADES” DO ANIMADOR 4.1. Qualidades PESSOAIS 4.2. Qualidades HUMANAS 4.3. Capacidade de INFUNDIR VIDA 4.4. MISTICA e VOCAÇÃO de SERVIÇO 4.5. Sentido de SERVIR ou SENTIDO do DEVER 4.6. Habilidade para MOTIVAR 4.7. Dom de SABER ESTAR com… 4.8. Sentido de HUMOR 4.9. MATURIDADE EMOCIONAL 4.10. FORÇA e TENACIDADE 5. A MISSÃO DO ANIMADOR E DA ANIMAÇÃO - AS ACTIVIDADES 6. O CONJUNTO DOS SABERES COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS DO ANIMADOR (principais referências) 6.1. SABER SABER 6.2. SABER FAZER (técnico) 6.3. SABER SER E SABER ESTAR (social e relacional) 1. Considerações Gerais sobre «O ANIMADOR e a ANIMAÇÃO » 1.1. Ser ANIMADOR Para se ser ANIMADOR, é necessário reunir um amplo conjunto de qualidades e condicionantes: QUALIDADES HUMANAS CONDICIONANTES HUMANAS… de carácter geral CONDICIONANTES HUMANAS… ao nível dos sentidos CONDICIONANTES …para a acção CONDICIONANTES … de carácter formativo PREPARAÇÃO: Teórica, Metodológica, Técnica, Politica e Ideológica IMAGEM, POSTURA e vestuário prático sem Extravagancias 1.2 CONDICIONANTES HUMANAS… de carácter geral • Ter capacidade de Infundir Vida • Ter habilidade e aptidão para Motivar • Estar preparado para tudo • Saber analisar as situações • Mente Aberta e Clara • Imaginação • Criatividade INFUNDIR - (Do lat. infundère, «verter») (verbo transitivo) Deitar um líquido dentro de ou sobre (alguma coisa); verter; vazar; Pôr de infusão Figurado - inspirar; incutir; causar; provocar - Introduzir-se; Infiltrar-se 1.3 CONDICIONANTES HUMANAS… ao nível dos sentidos
Olho Alerta Olho aberto e Olhar Crítico Ouvido receptivo Olfacto para Detectar as “situações” Sorriso Comunicativo “Mística”
1.4 CONDICIONANTES … para a acção Estar pronto e preparado para “por ombros” perante as dificuldades e meter “a mão na massa” sempre que tal se justifique. 1.5 CONDICIONANTES … de carácter formativo • Preparação Teórica, • Metodológica, • Técnica e Politico-Ideologica • Dispor de Ferramentas e Técnicas • Utilização adequada de Instrumentos, Meios e Técnicas 2. A Prática Do Exercício Da Animação 2.1 CARACTERISTICAS DA PRATICA DO EXERCICIO DA ANIMAÇÃO SOCIOCULTURAL A Animação Sociocultural apresenta uma forma de intervenção “jovem” e inovadora. É, por isso, importante iniciarmos uma reflexão sobre o Perfil do animador a partir “do que se faz” e dos elementos que têm caracterizado a sua forma de actuação. Muitos assumem a animação como um trabalho militante, em que se pretende conjugar a capacidade de:

- Trabalhar com as pessoas, com a necessária competência técnica e um ideal; É um desafio múltiplo e abrangente, acompanhado de uma grande liberdade de acção, em quanto ao que se faz em cada actividade em concreto; Normalmente é uma ocupação que implica uma opção ideológica/politica de índole progressista;

  • No trabalho do animador, existe uma interligação de funções e tarefas muito diversas (Gestão, Animação, Ensino, Criação, Investigação, Relações e Relacionamentos, Acção e Interacção, etc.);
  • O horário de trabalho e, frequentemente, fora do convencional.
  • O tempo de trabalho é frequentemente acima do normal,
  • O horário de quem trabalha com as pessoas, não está, nem pode estar, enquadrado por um horário rígido.
  • Os animadores prolongam o seu horário para poderem estar com as pessoas, nos horários destas.
  • O Animador trabalha essencialmente quando as pessoas já não se encontram a trabalhar e, por isso mesmo, deve tentar que estar disponível nesses horários.
  • Os animadores têm, em geral, uma margem muito grande para a sua própria iniciativa e uma grande liberdade para organizar o seu trabalho;
  • Trata-se de uma ocupação considerada bastante fatigante e esgotante, mas que é, simultaneamente, compensadora pela sua paixão militante e pela vocação implícita, a que se deve juntar uma boa dose de loucura”;
  • O Animador é o agente fundamental para a concretização prática da ASC.
  • Individuo profissionalmente qualificado para a realização de projectos de ASC, técnico da intervenção, figura impulsionadora e dinamizadora dos processos de ASC nas pessoas, nos grupos e no tecido social.

Ander-Egg, em 1988 define o técnico de ASC como: “Pessoa capaz de estimular a participação activa das pessoas e de insuflar um maior dinamismo sociocultural, tanto nos indivíduos como no colectivo” .

Este profissional tem características muito próprias. É clara e universalmente entendido como um agente de mudança, que realiza o seu trabalho baseando-se na relação pessoal com os destinatários, um individuo que trabalha promovendo a intervenção a sociocultural sobre o meio em que actua, um dinamizador do “seu mundo”.

  • O técnico de animação sociocultural é um especialista em relações humanas, em “ problemas humanos”.
  • O Animador, como profissional qualificado e inserido no seu grupo ou equipa, deve ser um especialista no que respeita ao funcionamento dos grupos bem como no campo da planificação da Animação.
  • Por último, achamos que não se nasce Animador, mas, há características que se têm ou não se têm!
2.2 CATEGORIAS DOS ANIMADORES SOCIOCULTURAIS: Um esboço de tipologias e Modalidades da Animação Sociocultural A realidade da Animação Sociocultural é, de facto, muito variada, muito ampla e muito complexa. Dentro da sua enorme gama de actividades, mas limitando-nos á animação sociocultural, é possível esboçar um conjunto de tipologias tendo em conta as diferentes modalidades de actuação, níveis de formação e dedicação, âmbitos de intervenção, etc. Em função do estatuto do Animador Animador profissional, semi-profissional, voluntário Em função do âmbito de trabalho Diferenciamos animadores culturais, sociais, educativos. As três grandes áreas da animação. Em função da situação ou tarefa do Animador Animador profissional, semi-profissional, voluntário Animadores Escolares – desenvolvem a sua actividade centrados na escola, com uma vertente de ligação á comunidade escolar e envolvente. Exercem (nalguns casos) o papel de mediadores sociais. Ander-Egg, estabelece diversos critérios para classificar a tipologia dos animadores, mais realista e baseada na prática da ASC. … de acordo com a tarefa fundamental que realizam: Animadores Generalistas -Aqueles que tem como função facilitar o acesso a conteúdos culturais, despertar o interesse pela participação em acções e eventos, promover actividades socioculturais. Animadores Especializados – desenvolvem a sua acção sectorialmente, de acordo com a sua especialização e especificidade formativa – arte, teatro, musica, gerontologia, educação… Artísticas: (arte) - teatro, dança, música, cinema, pintura, escultura, etc. Intelectuais: Conferencias, mesas redondas, ateliers, etc. Sociais: Promoção do movimento associativo, realização de festas populares, promoção de reuniões, etc., Práticas/Manuais: Desenvolvimento de artesanato, ateliers, oficinas, etc., Lúdicas: Passeios, visitas de estuda, acampamentos, colónias de férias, Desportivas: Desportos individuais e colectivos, ginástica, jogos, etc. … de acordo com o seu campo de acção: Critérios de Idade Categoria Profissional Contexto Social Contexto institucional … de acordo com os âmbitos de animação: … de acordo com instituição a que pertence e ao grupo promotora … de acordo com o modelo de referencia do animador … de acordo com o estatuto 2.3 CAMPOS DE ACÇÃO E ÂMBITOS DA ANIMAÇÃO Os Âmbitos da Animação Sociocultural delimitam naturalmente a sua operatividade. Nascem pelo facto de persistirem ainda muitas necessidades sociais não resolvidas; Os diferentes Âmbitos da Animação Sociocultural exigem uma certa especialização no modelo de intervenção. “A Festa” é o espaço educativo da ASC para integração das diferenças
Síntese: TIPO DE INTERVENÇÃO Prevenção de situações de carência e desigualdade socioeconomica Reparação dos efeitos das situações anteriores Promoção da Integração Social Público-alvo Os grupos Comunidade (crianças, Adolescentes, Adultos, idosos) Situações Problema - Exclusão social - Dependências - Marginalidade Desigualdade socioeconomica - Grupos de risco /vulneráveis - Analfabetismo Dificuldade de acesso às actividades de cultura e lazer Que incidem sobe: Deficientes Crianças negligenciadas/maltratadas Toxicodependentes Alcoólicos Reclusos Delinquentes Acamados Sem-abrigo Desempregados Hospitalizados INSTITUIÇÕES DE ENQUADRAMENTO Natureza
Estatais Autarquias – Câmaras e Juntas de Freguesia
IPSS’s Misericórdias Cooperativas Associações ONG’s Empresas públicas e privadas INSTITUIÇÕES DE ENQUADRAMENTO ÂMBITO 1) Desenvolvimento local 2) Creches 3) Jardins de infância 4) Escolas (básico e sec.) 5) Lares 6) Centros de Dia e Convívio 7) Centros Lúdicos e Centros de recursos educativos 8) Centros e espaços multiusos 9) Centros Culturais 10) Bibliotecas 11) Hospitais 12) Centros de saúde 13) Clínicas 14) Termas 15) Centros Reg. Seg. Social 16) Instituto de Emprego e Formação Profissional 17) Estabelecimentos Prisionais 18) Institutos de reinserção social 19) Equipamentos relacionados com o património cultural

3. O ANIMADOR 3.1. APROXIMAÇÃO À FIGURA DO ANIMADOR SOCIOCULTURAL E AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO PROFISSIONAL DE ANIMAÇÃO AO ANIMADOR É PEDIDO • Muita agilidade, • “Jogo de cintura”, • Empatia, • Compreensão MAS TAMBÉM QUE TENHA: • Ideias claras • Objectivos realistas, E QUE CONSIGA: • Definir estratégias e metodologias coerentes • Definir claramente um Plano, • Ter uma estratégia de Acção. O técnico de animação sociocultural é um especialista em relações humanas, em “problemas humanos”. • É, muitas vezes, confidente e conselheiro • É um técnico prático, democrático e assertivo • Tenta por todos os meios ajudar os outros a sair do mundo do silêncio em que se encontram. • O trabalho do animador é intervir na realidade, no contexto de vida das pessoas. • Alguém que tem de actuar sempre e necessariamente a partir da selecção e decisão ideológicas da realidade, mas nunca como uma extensão partidária de uma determinada opção política e ou religiosa. • Alguém que tem de actuar sempre de uma forma activa e dialogante para optar pelas pessoas e comunidades mais frágeis e desprotegidas. • Animar nos indivíduos o desenvolvimento da atitude de auto-estima; • Potenciar neles e nas suas comunidades de origem, a participação e o compromisso relativo ao “querer poder”; O Comportamento do Animador deve ter em conta que, ao abraçar esta profissão:

  • Saber ouvir
  • Espírito tolerante e democrático
  • Capacidade de difundir vida
  • “Mística” e vocação
  • Capacidade de entrega
  • Autoridade
  • Convicção e confiança
  • Tenacidade e resistência
  • Dinamismo e habilidade
  • Tolerância e compreensão
  • Espírito organizativo
  • Capacidade de sistematização do trabalho
  • Conhecimentos técnicos
  • Disponibilidade
  • Convicção
  • Abnegação
  • Capaz de mandar sem dirigir
  • Ser ponderado
  • Não desesperar
  • Não se iludir com facilidade
  • Saber comunicar
  • Habilidade para motivar
  • Sentido de humor
  • Equilíbrio psíquico/emocional
  • Confiança nos outros
  • Flexibilidade mental
  • Abertura, tolerância

EQUILÍBRIO PSÍQUICO E EMOCIONAL

CONVICÇÃO E CONFIANÇA – NÃO SE ILUDIR COM FACILIDADE – NÃO DESESPERAR

Quadro Síntese das CAPACIDADES atribuídas/exigidas ao ANIMADOR Iniciativa Cooperação Decisão Criatividade Inovação Trabalho em Equipa Empatia Comunicação Espírito Crítico Relacionamento Interpessoal Flexibilidade Sensibilidade Responsabilidade Empenhamento Liderança

4. QUALIDADES DOS ANIMADORES SOCIOCULTURAIS Qualquer pessoa pode ser animador? Não é qualquer pessoa que pode ser animador, (por razões óbvias) Não pode «animar» quem não está animado Não pode «animar» quem é incapaz de infundir «animação» Não pode «animar» quem não acredita que os outros podem «animar-se» Não pode «animar» quem não é capaz de estabelecer relações interpessoais produtivas e gratificantes.

4.1 QUALIDADES PESSOAIS As qualidades pessoais são mais importantes que as condições intelectuais? Um dos princípios básicos da pedagogia da animação é o da proximidade vital. Significa e implica um contacto directo com as pessoas e a sua situação. Para esta relação vital, são mais importantes as qualidades pessoais e humanas que os conhecimentos técnicos por si mesmos. Nem sempre uma pessoa com conhecimentos e habilidades técnicas tem o sentido da solidariedade e do serviço aos outros. Por outro lado, uma pessoa com qualidades pessoais e humanas, está sempre fortemente motivada e interessada em adquirir conhecimentos e desenvolver capacidades técnicas para prestar um serviço cada vez melhor. Parece-nos importante assinalar as qualidades humanas mais importantes e necessárias para ser um animador sociocultural ao serviço das pessoas e das populações. Estas qualidades não se referem apenas a aspectos psicológicos do animador (carácter e temperamento), mas também, e de uma forma especial, às suas atitudes existenciais ou seja, a maneira de se situar e de se comportar no que respeita aos valores que configuram um determinado estilo de vida. Um animador sociocultural, deve desenvolver a sua personalidade o mais possível (desenvolvendo as qualidades que o tornem cada vez mais “pessoa”). Cada ser humano é um “ser em construção” permanente, ou seja, nunca atingimos a plenitude, nunca podemos afirmar: “estamos realizados”.

4.2 QUALIDADES HUMANAS • Entusiasta, • Disponível, • Dinâmico, • Optimista, • Afável, • Cordial, • Integro, • Educado e Respeitoso, • Profissional, • Sensível, • Seguro de si mesmo, • Preparado para mudanças de situação • Disposição para ir onde for necessário

4.3 CAPACIDADE DE INFUNDIR VIDA Um Animador tem que saber estar! Deve estar de tal forma que a sua simples presença seja reconfortante para os outros, transmita calor e entusiasmo; Deve acreditar e fazer crer na mudança e no que esta a fazer. Um ser em plenitude, onde a verdade e o rigor andem lado a lado com a criatividade. Criar é fazer e todos queremos criar coisas novas. Fazer usando novas formas, percorrendo caminhos novos, encontrando novas soluções.

Se não amo a vida, não posso preocupar-me com os outros. Se não tenho razões para viver, não tenho motivos sérios e profundos para lutar. (Bergson)

4.4 Mística e Vocação de Serviço Aqueles com quem se trabalha, não são clientes, mas sim pessoas e estas, enquanto tal, devem ser a preocupação central do animador. Cada pessoa tem necessidade de ser tratada e reconhecida como tal. Cada um de nós tem a obrigação de tratar cada indivíduo, não como uma coisa, um objecto ou um qualquer “n.º de processo”, mas como gente, que verdadeira e efectivamente é. O animador saberá reconhecer na sua pratica diária o destino próprio de cada indivíduo, cuja dignidade e valor transcende todas as considerações institucionais e politicas e todas as contingências históricas e sociais. 4.5 QUAL O SIGNIFICADO DO “SENTIDO DE SERVIR” DE UM ANIMADOR? Ter Sentido de Serviço, significa ter: SENSIBILIDADE, perante as necessidades humanas, quer na alegria, quer no sofrimento dos outros DISPONIBILIDADE para com as pessoas ENTREGA especial às tarefas e sobretudo às pessoas ACOLHIMENTO cordial a todas e cada uma das pessoas CONVICÇÃO E CONFIANÇA que as pessoas têm capacidade de sair da situação em que se encontram, transformando-se em protagonistas da sua própria promoção social e cultural. Pode ter-se um grande sentido de serviço, ser-se generoso, mas assumir atitudes e comportamentos paternalistas – fazer para os outros e pelos outros. No fundo, o que o paternalismo revela, é uma falta de confiança nas pessoas com quem trabalhamos e nos relacionamos. É não acreditar-mos que as pessoas podem e tem capacidade para assumir a sua cota parte de responsabilidade em questões que dizem respeito ao seu próprio desenvolvimento. Quem não acredita nas pessoas e nas suas possibilidades de transformação e de crescimento, quem não tem essa fé e essa confiança, dificilmente poderá ser um animador comprometido e militante. Tal atitude não implica que não possa ser um profissional de animação, inclusivamente que seja um técnico competente, mas sem confiança no outro. Não podemos esquecer nunca que ás pessoas, não basta dar-lhes com o que viver, mas que há que as ajudar a encontrar, primeiro que tudo, porquê e para quê viver e mudar.

4.6 HABILIDADE PARA MOTIVAR Esta condição é indispensável para quem pretende trabalhar com pessoas. Em boa medida, o êxito dos programas de animação dependem da motivação e do interesse dos envolvidos. O que nos é indiferente, não nos move á acção. Dificilmente pode animar quem não é capaz de motivar. O entusiasmo é o principal factor motivacional de que dispõe o animador sociocultural.

O coração alegre produz boa disposição (Salomão – Provérbios)

4.7 DOM DE “SABER ESTAR COM AS PESSOAS”

Esta qualidade manifesta-se na amabilidade e simpatia para com as outras pessoas. Bom humor e capacidade para saber escutar, ter palavra fácil e convincente, facilidade de comunicação, capacidade de acolhimento, abertura e disponibilidade para os outros. Tudo isto se resume à habilidade de criar uma relação pessoal de confiança e compreensão e na capacidade para superar situações tensas e conflitivas. Para isto é muito importante a tolerância, passar por cima dos defeitos, dos rótulos, dos estereótipos. Também é importante a compreensão das deficiências, limitações, incapacidades ou defeitos dos outros, do mesmo modo que esperamos que compreendam os nossos. Ganhar a confiança das pessoas, não implica nenhum tipo de acção demagógica quando se apoio na lealdade, claridade e sentido de serviço, uma vez que se trata simplesmente de estabelecer relações de simpatia e de confiança. À que saber encontrar o lado positivo (o lado bom) de cada coisa, e dele tirar partido.

4.8 SENTIDO DE HUMOR O humor é o ingrediente que torna mais agradável a relações interpessoais e um meio airoso de sair de situações tensas, embaraçosas e constrangedoras. Com o humor, teremos sempre presente a dimensão lúdica e fantasista do “ser pessoa”. «Precisamos de nos rir das coisas e de nós mesmos». Ou então, «Precisamos de aprender a rir das coisas e de nós próprios». Não é saudável, para o trabalho do animador, andar pelo mundo com um sentido de tragédia. “O humor provoca a tomada de consciência (…), da condição trágica e irrisória do homem … pode deslindar (e elucidar) muito melhor do que o racionalismo formal ou a dialéctica automática, as contradições do espírito humano, a estupidez e o absurdo”. Eugene Ionesco 4.9 MATURIDADE EMOCIONAL Um animador actua sempre sobre a realidade humana, onde a cooperação e o conflito se misturam permanentemente. Frente a esta circunstância, a maturidade emocional (que é apenas um aspecto da maturidade pessoal), desempenha um papel fundamental. Ela expressa a capacidade de actuar equilibradamente, com espírito sereno e tranquilo, quando se está debaixo de diferentes tipos de pressão. Não devemos exprimir grandes variações de ânimo. Nem euforia e triunfalismo nos bons momentos, nem depressão e pessimismo nos momentos maus. Não há que viver irritado, em constante preocupação, fatigado, em tensão constante. Há que actuar com energia e decisão, mas com toda a tranquilidade que possamos. 4.10 FORÇA E TENACIDADE PARA VENCER DIFICULDADES Toda a tarefa de acção social e cultural vai encontrar, inevitavelmente, uma série de dificuldades e obstáculos. Desde a apatia á ingratidão e ao desprezo, ou simplesmente “são as “coisas” que não andam ao ritmo que desejamos, queremos e previmos”. Dai termos a necessidade de ser fortes, tenazes e perseverantes para não nos deixarmos enliçar nas dificuldades e ceder ante os obstáculos. Devemos ter impulso e coragem suficiente para levar a cabo a nossa tarefa e alcançar os objectivos que nos propusemos, pese todas as dificuldades e problemas que se vão colocando. 5. MISSÃO DO ANIMADOR SOCIOCULTURAL - ACTIVIDADES O Animador e Profissional de Animação Sociocultural, tem por missão, promover o desenvolvimento sociocultural de grupos e comunidades, organizando, coordenando e/ou desenvolvendo actividades facilitadoras da animação (de carácter cultural, educativo, social, lúdico e recreativo). Actividades • Estuda, integrado em equipas multidisciplinares, o grupo alvo e o seu meio envolvente, diagnosticando e analisando situações de risco e áreas de intervenção sob as quais actuar • Planeia e implementa em conjunto com a equipa técnica multidisciplinar, projectos de intervenção socio-comunitária. • Planeia, organiza e promove/desenvolve actividades de carácter educativo, cultural, desportivo, social, lúdico, turístico e recreativo, em contexto institucional, na comunidade ou ao domicílio, tendo em conta o serviço em que está integrado e as necessidades do grupo e dos indivíduos, com vista a melhorar a sua qualidade de vida e a qualidade da sua inserção e interacção social. • Promove a integração grupal e social; • Incentiva, fomenta e estimula as iniciativas dos próprios indivíduos, para que estes organizem e decidam o seu projecto lúdico ou social ou cultural; • Fomenta a interacção entre os vários actores sociais da comunidade;

• Acompanha as alterações que se verifiquem na vida dos membros da sua comunidade/grupo e que afectem o seu bem-estar e actua de forma a ultrapassar possíveis situações de isolamento, solidão e outras • Informa a equipa técnica caso se verifique a ocorrência de alguma situação anómala e articula a sua intervenção com os actores institucionais nos quais o grupo ou o indivíduo se insere; • Elabora relatórios de actividades 6. O CONJUNTO DOS SABERES 6.1 O SABER “SABER”

  • Conhecimentos profundos de técnicas de animação
  • Conhecimentos profundos sobre a sua comunidade/grupo
  • Conhecimentos sólidos de técnicas de socorrismo
  • Conhecimentos fundamentais de expressão corporal, dramática, musical e plástica
  • Conhecimentos fundamentais de educação física, desporto e equipamentos desportivos
  • Conhecimentos fundamentais sobre intervenção social
  • Conhecimentos fundamentais de artes e actividades recreativas
  • Conhecimentos fundamentais de política social
  • Conhecimentos fundamentais de normas de segurança, higiene e saúde no trabalho
  • Conhecimentos de qualidade
  • Conhecimentos básicos de gerontologia
  • Conhecimentos básicos de psicologia
  • Conhecimentos básicos de antropologia
  • Conhecimentos básicos de sociologia
  • Conhecimentos básicos de tecnologias da informação
  • Conhecimentos básicos de psicossociologia
  • Conhecimentos básicos de psicopatologia da adolescência e juventude

6.2 O SABER FAZER “TÉCNICO”

  • Ler e interpretar diagnósticos sociais da comunidade e relatórios psicológicos e sociais dos clientes/utilizadores, ou programas de animação identificando as principais áreas de intervenção
  • Observar, através de instrumentos vários, a comunidade, o grupo e o indivíduo de forma a realizar o seu diagnóstico social e identificar as suas carências, necessidades e potencialidades
  • Identificar e seleccionar as técnicas e práticas de animação tendo em conta o tipo de programas de animação, e as características dos clientes/utilizadores, dos grupos e das comunidades e os objectivos que pretende alcançar
  • Identificar os recursos necessários para a concretização de projectos de intervenção sociocomunitária e de animação
  • Observar e caracterizar a população alvo, bem como os fenómenos grupais, recolhendo informações necessárias, utilizando técnicas de observação, entrevistas e questionários
  • Identificar as necessidades e as motivações individuais e do grupo
  • Desenvolver actividades diversas, nomeadamente oficinas, visitas a museus e exposições, encontros desportivos, culturais e recreativos, encontros intergeracionais, actividades de expressão corporal, dramática, animação de rua, exercício físico e ligeiro, leitura de contos e poemas, visionamento de filmes e posterior discussão, debate de temas, trabalhos manuais com posterior exposição dos trabalhos realizados, culinária, passeios ao ar livre
  • Conceber os materiais necessários para o desenvolvimento das actividades facilitadoras da animação, nomeadamente criar e produzir fantoches, gigantones, esculturas, trabalhos em cerâmica, máscaras, adereços e pinturas
  • Envolver as famílias nas actividades desenvolvidas, fomentando a sua participação
  • Identificar as necessidades e as motivações individuais e do grupo
  • Desenvolver actividades diversas, nomeadamente oficinas, visitas a museus e exposições, encontros desportivos, culturais e recreativos, encontros intergeracionais, actividades de expressão corporal, dramática, animação de rua, exercício físico e ligeiro, leitura de contos e poemas, visionamento de filmes e posterior discussão, debate de temas, trabalhos manuais com posterior exposição dos trabalhos realizados, culinária, passeios ao ar livre
  • Conceber os materiais necessários para o desenvolvimento das actividades facilitadoras da animação, nomeadamente criar e produzir fantoches, gigantones, esculturas, trabalhos em cerâmica, máscaras, adereços e pinturas
  • Envolver as famílias nas actividades desenvolvidas, fomentando a sua participação
  • Incentivar os membros do seu Grupo/comunidade a organizarem a sua vida no seu meio envolvente e a integrarem-se na sociedade, participando activamente, construindo o seu projecto de vida e demonstrando através da realização de diversas actividades quais as capacidades e as competências de cada um.
  • Sensibilizar e envolver a comunidade no acompanhamento deste tipo de grupos, de forma a fomentar a sua integração
  • Despistar situações de risco, encaminhando-as para as equipas técnicas especializadas

Entre outras… 6.3 O SABER “FAZER” “SOCIAIS E RELACIONAIS” O Animador é, um técnico qualificado que, na sua formação teórica aprendeu um conjunto de saberes, sociais e reaccionais que lhe permitem agir correctamente no desempenho das suas funções:

  • Facilitar a comunicação
  • Garantir que a informação está acessível e ao alcance de todos, em igualdade de circunstancias e a informação
  • Gerir e mediar possíveis conflitos
  • Trabalhar em equipas multidisciplinares
  • Adaptar-se às diferenças individuais, situacionais e socioculturais e a ambientes diversos
  • Comunicar de forma clara, precisa, persuasiva e assertiva

REFERENCIAL DAS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS

O Conjunto dos Saberes Os Saberes “Fazer” “Sociais e Relacionais

QUADRO SINTESE NÍVEL DO SABER (quadros de referencia teóricos dos processos sociais e culturais)

Descreve Conhece Identifica Caracteriza Relaciona Distingue Analisa Avalia

ANIMAÇÃO no IDS

Este é um Blog para apresentar, debater e consultar assuntos relacionados com a Animação Sociocultural. É um espaço previligiado para os alunos de Animação poderem encontrar informação e vários artigos que os ajudem nos seus trabalhos (principalmente os alunos do IDS). A todos quantos consultarem este Blog, fica o desafio - mandem-nos textos e trabalhos para publicar!